O Fantástico, da TV Globo, fez um levantamento inédito sobre as 20 empresas investigadas como pirâmides financeiras no Brasil e o impacto desses esquemas nos últimos seis anos. Os responsáveis por esses esquemas deixaram um rastro de devastação financeira, afetando pelo menos 2,7 milhões de investidores e movimentando quase R$ 100 bilhões.
Milhões de investidores caíram na armadilha de um dos golpes financeiros mais antigos da história: as pirâmides financeiras, que recentemente passaram a usar um novo atrativo que muitas pessoas ainda têm dificuldade em compreender – as criptomoedas, moedas virtuais negociadas online.
Apesar das operações das autoridades, apreensões e prisões, esses casos continuaram a se proliferar. Foram realizadas entrevistas com investigadores da Polícia Federal, Polícia Civil e Ministério Público Federal.
As promessas de lucros exorbitantes se tornaram a armadilha, e a garantia de ausência de riscos provou ser uma farsa. Nas redes sociais, vídeos foram usados para orquestrar a decepção, com pessoas proclamando: “Hey, você, sabe por que não é rico? Porque falta autoconhecimento. Minha mente vale milhões, e é por isso que me tornei um milionário. Olhe nos meus olhos e veja se tenho dúvidas sobre o que estou construindo”.
“O jeito como o cara se apresentava, as transmissões ao vivo que fazia diariamente, o poder de convencimento – tudo isso fazia parecer real”, disse Acelino Popó, campeão mundial de boxe e uma das vítimas.
“Meu filho, entrei em depressão. Juntamos recursos como família para investir e realizar nossos sonhos”, disse Dona Maria, outra vítima.
Popó e Dona Maria sofreram perdas financeiras com a empresa Braiscompany. Popó investiu R$ 1,2 milhão, enquanto Dona Maria investiu R$ 97 mil. Enquanto isso, o proprietário da Braiscompany, Antônio Neto, e sua esposa, Fabrícia Campos, desapareceram.
Outro Dono de Esquema de Pirâmide Localizado
Outro dono de esquema de pirâmide também foi localizado, Renan Bastos da FX Winning, que movimentou R$ 2 bilhões e atualmente reside nos Estados Unidos. Renan Bastos chegou a morar em um apartamento de 300 metros quadrados em Miami, com aluguel mensal custando aproximadamente US$ 40.000, equivalente a R$ 200.000 na taxa de câmbio atual.
No Brasil, credores estão buscando ação legal contra ele, com investidores em um processo coletivo no Tribunal de Justiça de Goiás exigindo R$ 100 milhões em restituição.
Classificação Criminal
Em uma classificação de atividade criminosa compilada usando informações oficiais, a empresa que deixou o maior número de vítimas foi a Trust Investing.
Com 1,3 milhão de vítimas em 80 países, as perdas acumuladas com esse esquema de pirâmide ultrapassam R$ 4,1 bilhões.
Patrick Abrahão, que se apresentava como líder da empresa, mas nega ser dono, foi preso em outubro de 2022 e liberado no mês passado. As vítimas da Trust Investing ainda não recuperaram nenhum centavo.
O envolvimento direto de Patrick é evidente, pois ele recebia dinheiro de investidores em sua conta pessoal. A Polícia Federal acredita que Patrick desempenhou um papel significativo, com base em evidências como registros bancários e fiscais.
Outra empresa classificada como esquema de pirâmide que movimentou mais dinheiro foi a GAS, com impressionantes R$ 38 bilhões em transações. O proprietário ficou conhecido como o “faraó das bitcoins”.
Glaidson dos Santos está atualmente detido, enfrentando não apenas crimes financeiros, mas também acusações relacionadas ao assassinato do investidor em criptomoedas e influenciador digital Wesley Pessano, de 19 anos. O Ministério Público Estadual do Rio alega que o assassinato foi uma tática para eliminar concorrentes. Glaidson também é acusado de planejar o assassinato de Patrick Abrahão, da Trust Investing, como revelado nas investigações policiais.
Investigação em Andamento
A Câmara dos Deputados iniciou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as atividades de esquemas de pirâmides envolvendo criptomoedas no Brasil. A comissão é presidida pelo Deputado Aureo Ribeiro, do Solidariedade do Rio.
“Tivemos a oportunidade de ouvir representantes, funcionários dessas empresas e esclarecer o que ofereceram aos clientes, como funcionavam suas operações e o que aconteceu com as pirâmides quando não puderam mais entregar os lucros prometidos”, afirmou Aureo Ribeiro.
Tanto Glaidson quanto Patrick foram convocados para depor perante a CPI. O dono da GAS afirmou ter fundos para reembolsar os investidores, o que foi recebido pelos deputados como mais uma provocação.
“Há recursos… Mas a Polícia Federal não tem a senha. Eu tenho a senha… Não vou fornecer porque pretendo retomar minha empresa”, disse Glaidson.
A PF já confirmou que Glaidson possui criptomoedas armazenadas em uma carteira digital apreendida em 2021, totalizando mais de 318.000 dashcores, outro tipo de criptomoeda, que na época valiam R$ 437 milhões. A Polícia Federal está monitorando suas carteiras digitais, mas ainda não tem acesso às senhas, deixando as vítimas incapazes de recuperar suas perdas.
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