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Lula agiu considerando as necessidades da população argentina, a descarga do gás foi liberada e o abastecimento restituído

Na campanha eleitoral e mesmo depois de eleito, Javier Milei não poupou ataques ao presidente Lula. Em sua alucinada demagogia, Milei fez coro à cantilena da extrema-direita brasileira contra Lula, a quem o argentino qualificou em diversas ocasiões como corrupto e ladrão.

Diante dessa atitude da contraparte argentina, o presidente brasileiro reagiu. Ineditamente nas últimas décadas, um presidente brasileiro absteve-se de  comparecer à posse de  um mandatário na Casa Rosada.

Desde as ofensas, os dois presidentes não mantêm contato pessoal, telefônico ou de qualquer tipo. 

Ocupado em viajar ao exterior para photo-ops com executivos estrelas do Vale do Silício, ou em fazer figurações em shows ou em xingar adversários a esmo postando ao longo de horas gastas todos os dias no antigo Twitter, Milei acaba se revelando um presidente desconectado da vida dos argentinos submetidos às consequências de um programa ultraliberal avassalador.

Após o transe inicial de ataques, o argentino autodenominado “Leão”  vem se convertendo num gatinho com Lula. Já enviou duas cartas ao presidente brasileiro tentando recompor a relação. Na primeira, Milei convidava para sua posse. Lula respondeu não indo. A segunda carta, de abril passado, provocou reação igualmente gélida de Lula: “Não li”, disse o presidente do Brasil.

O contraste entre o extremismo, inclusive comportamental, do argentino e a serenidade do líder brasileiro evidenciou-se ainda mais nesta semana que passou. Enquanto Milei viajava pela quarta vez desde a posse aos Estados Unidos para aparecer junto aos donos da Meta e do Google, a Argentina viveu grave crise. Por falta de investimentos estatais, faltou gás nas indústrias, nas residências e nos postos de serviço do país, castigado por um período de baixas temperaturas e diminuição do fornecimento de gás boliviano.

Com indústrias paradas e filas nos postos de serviço em todo o país, a estatal de energia argentina pediu apoio à Petrobras, que deslocou um navio com 43 milhões de toneladas de gás para atender. Na hora da descarga, porém, as autoridades argentinas não dispunham das garantias de crédito requeridas pela governança da empresa brasileira. Foi necessária então a intervenção das chancelarias dos dois países e até da anuência do presidente brasileiro.

Lula agiu considerando as necessidades da população argentina, a descarga do gás foi liberada e o abastecimento restituído.

Melhor exemplo não poderia haver do contraste existente entre um governante infantilizado, incapaz de medir os graves prejuízos advindos do ânimo de injuriar, e um estadista no  sentido pleno do termo, ou seja, cônscio de suas altas responsabilidades, não apenas junto a seus concidadãos, mas também com a população do país vizinho e amigo.

Com informações do Brasil 247

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