Em nome de um deus, missionários agridem violentamente há séculos muitas outras formas de vida. E o que vemos no século XXI não é diferente
Desde a colonização do Brasil, a intolerância religiosa e a conversão forçada são usadas como ferramentas de segregação de indígenas nos territórios. O objetivo central é permitir a exploração indiscriminada dos recursos naturais e domínio sobre os povos, base do sistema econômico capitalista.
Em nome de um deus, missionários agridem violentamente há séculos muitas outras formas de vida. E o que vemos no século XXI não é diferente. É notável o crescimento de novas cruzadas de intolerância, sobretudo de missões protestantes, que se aliam com os demais inimigos dos povos indígenas para extraírem suas almas.
Trazendo à tona o etnocídio, que visa esvaziar todos os corpos de suas espiritualidades, já que o genocídio dizimou alguns povos em seus corpos físicos, esse segue apagando espíritos, essências, modos de vida e culturas.
É importante destacar que cada povo tem o direito de exercer o que quiser, no que tange a sua vida e seu futuro.
E os karaiw têm por dever respeitar essas diversidades, porque esses povos são de fato os verdadeiros guardiões e protagonistas das suas próprias histórias.
E a destruição cultural por meio de tamanhas violências é uma das piores formas de silenciar um povo.
Cada povo tem suas raízes profundas e quando essas seitas e igrejas adentram os territórios interferem não somente na reliosidade, mas também na organização social e política, gerando grandes transtornos que ajudam a retirada de direitos.
Destacamos aqui a grande importância dos Pajés durante muitos séculos equilibrando a vida na terra com seus cantos sagrados, os rituais de cura, suas rezas e demais saberes ancestrais.
Os pajés são sabedores do mundo, com suas próprias ciências e filosofias.
E são eles e elas, juntamente com Tupã e os nossos encantados, que nos direcionam e nos fazem compreender que existe apenas um planeta e que todos podem viver nele harmoniosamente, livres do peso do racismo, do preconceito, do sexismo. Ensinam-nos que podemos conviver, em um único espaço com diversas culturas, respeitando o modo de vida de cada um.
A evangelização é um projeto de poder. Destruir a cultura indígena garante a continuidade da colonização e concentração de poder.