Militante histórico dos direitos trabalhistas e um dos fundadores do PDT, o ex-vereador e ex-deputado estadual Pedro Ruas, hoje no PSOL, fez um resgate sobre a consolidação dos direitos trabalhistas no Brasil em participação no 3º Encontro de Assinantes do 247 em Porto Alegre, no dia 25 de maio. Ele também chamou a responsabilidade de todos os presentes para atuarem num projeto para o futuro, uma vez que toda a geração atual, conforme ressaltou, é responsável pelos acontecimentos atuais.
O advogado lembrou que nas três primeiras décadas do século 20 no país, as relações de trabalho eram livres de qualquer compromisso de lei trabalhista e que com a chegada de três fatores neste cenário, tudo foi alterado. “Quando nós chegamos no século 20 o Brasil era um país onde trabalhar era algo que envergonhava a pessoa porque era coisa de escravo. As três primeiras décadas do século 20 são uma tragédia no Brasil. Se pegarmos o eixo mais adiantado, Rio, São Paulo e Minas Gerais, nós temos o seguinte: os homens trabalhavam com salário, mas esse salário era quanto e quando o patrão quisesse pagar, não tinha a periodicidade que nós conhecemos”, lembrou.
“As mulheres trabalhavam por um prato de comida ao dia e as crianças também, as mulheres trabalhavam, enquanto gestantes, até o último dia que podiam antes do parto e no primeiro dia após sob pena de perder o emprego de um prato de comida ao dia. Esse é o Brasil das primeiras duas ou três décadas do século 20, esse é o Brasil que se tem quando chega o movimento de 30, e nós temos uma mudança, e isso é importante registrar, nos temos entre 1939 e 1943, fruto das lutas e de tudo que os trabalhadores e trabalhadoras conseguiram se organizar, nós temos três institutos que mudaram a vida no Brasil para sempre. A criação da Justiça do Trabalho, do salário mínimo e da CLT, muda tudo, altera tudo, altera radicalmente o país”, discursou ainda.
Ele também ressaltou que no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso era implementada o fim da era de Getúlio Vargas, ou seja, da Justiça do Trabalho, do salário mínimo e da CLT. “Quando a gente vem para o governo FHC e ele falava no fim da era Vargas ele se referia fundamentalmente, claro que ele se referia a privatizações, e fez, porém o FHC e os projetos das elites é destruir sim, a tal da era Vargas era isso, Justiça do Trabalho, salário mínimo e CLT”.
Ruas ressaltou que, atualmente, a CLT tem sido enxugada pelo Estado e que a reforma da Previdência é injusta com a população. “Esses dados são importantes nós termos porque o ano de 2017 e o ano de 2018 foram trágicos para nós todos que conhecem o mundo do trabalho e de alguma maneira se relacionam de forma militante com esse mundo porque nós tivemos 117 artigos da CLT suprimidos, nós estamos lutando aí contra esse inferno que pode vir da reforma da Previdência. Ora, tenho 63 anos, as pessoas depois dos 60, 70 não conseguem sobreviver, não conseguem só com seu trabalho. Há um acordo geracional, nós precisamos sim, sendo jovens, garantir os mais velhos e, sendo velhos, sermos garantidos pelos mais jovens. A capitalização é a destruição de tudo isso”.
O ex-deputado também destacou a importância de se lutar por um projeto a fim de que, no futuro, a geração de hoje seja avaliada como a que lutou por seus direitos. “Nesse tempo em que o fascismo governa o Brasil, nesse tempo em que o trabalhador ou a trabalhadora é atacado brutalmente, em que se desconstituem conquistas históricas, neste tempo, o que nós fazemos? Nós temos que, daqui a 30, 40, 50 anos, ter alguém que diga que nesse período a Dilma Rousseff como presidente ou como militante, cada um ou cada uma de nós, tem que ter alguém que diga lá na frente: ‘não, eles naquele tempo brutal, no tempo do fascismo, no tempo em que era necessário combater eles faziam sua parte'”.
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