POR ARNÓBIO ROCHA
A família estava lá, os filhos e netos, os irmãos do Lula, alguns amigos. No máximo, cem pessoas.
Havia também seis carros da PM e duas ambulâncias do Corpo de Bombeiros.
A Marlene, mãe do Arthur, veio me abraçar e disse: “Agora eu sei o que você sente”.
Eu perdi minha filha.
Sandro, o pai, estava abalado demais e muito aéreo. Falamos ali, rapidamente.
O ex-ministro Padilha medicou a família e alguns outros.
Havia comoção e preocupação com a chegada de Lula.
Os mais próximos, como Paulo Okamoto, não sabiam o que dizer ou fazer.
Fiquei até 3 da manhã me perguntando que ladrão foi Lula, cuja família vive de modo simples, humilde.
Policiais federais montavam guarda ali perto.
Um homem de 73 anos, menos de 1 e 70, rotundo, aspecto cansado pela lambadas da vida, faz os caras cagarem nas calças, com gestos nervosos e afoitos.
O aparato de guerra — viaturas, homens fortemente armados — era para um velho.
Que poder tem ele?
Nem a dor última, os onze meses de cárcere, fizeram diminuir o pavor provocado por esse sujeito que parece ter 5 metros.
Prendem-no, não deixam que o vejam — mesmo assim, eles têm pânico do que ele fará, ainda que não faça nada.
A ideia em que ele se transformou hoje é gigante, monstruosa, sobretudo para seus algozes.
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