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A obsessão de Bolsonaro pela “esquerda” é tanta que o radical simplesmente esquece que foi o partido que livrou o país do FMI, criou o Fundo Soberano, o Crédito Familiar e colocou Brasil como a sexta maior potência do mundo
Ricardo Stuckert

Lula em Davos no ano de 2003

A frase é dita como mantra por Jair Bolsonaro e seus seguidores: O PT quebrou o Brasil.  Não se trata apenas do batido, constrangedor e mentiroso discurso de campanha que o radical da extrema direita lançou durante as eleições.  É, mais do que uma fake news, um desserviço à história do país.

Sempre em tom jocoso, com bravatas que tentam inflar o ódio e tornar ainda mais agudo o clima de acirramento político que domina as ruas, Bolsonaro mais uma vez mente quando tenta atribuir a crise econômica nacional aos governos anteriores. Mente, inclusive, no tempo atribuído no poder ao PT – Lula e Dilma ficaram 13 anos no Palácio do Planalto e não 16 como querem fazer acreditar os adversários.

Faz isso, claro, para tentar camuflar os efeitos do golpe de 2016 e a chegada de Michel Temer ao cargo máximo da República. Este, sim, um dos grandes responsáveis pelo distúrbio político, econômico e social que reverbera até os dias de hoje.

Dito isso, torna-se cada vez mais urgente a necessidade de recordar (sem proselitismo ou distorção dos fatos) a herança incomparável deixada pelos governos petistas ao país. Lula e Dilma não quebraram o Brasil. Na verdade, ambos foram os grandes responsáveis por dar início a uma outra ideia de nação a partir de 2003. Um Brasil que pagou suas dívidas com o FMI, desbancou o Reino Unido como a sexta maior potência do mundo e foi chamado pelos europeus de a “locomotiva da economia global”.

Caso Bolsonaro tivesse apreço por leitura, os dados a seguir talvez o fizessem mudar de ideia (ou ao menos ter vergonha) quando propaga uma das maiores falácias contra o PT que a oposição foi capaz de inventar. Confira:

FMI

Um ano antes de Lula assumir a presidência, o governo FHC mais uma vez recorria ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para poder fechar as contas e, com isso, aumentar o rombo orçamentário e a dependência brasileira do capital estrangeiro. O tucano recebeu empréstimo de US$ 41,75 bilhões deixando a dívida para quem assumisse o cargo a partir de 2003. Como é sabido, Lula venceu a disputa eleitoral e logo se comprometeu a quitar a dívida com o fundo. Em 2005, o ex-presidente cumpriu o prometido, pagou o que devia e livrou o Brasil das amarras do FMI.

Em 2009, num ato inédito, foi o Brasil que emprestou dinheiro ao FMI (exatos US$ 10 bilhões) para ajudar países emergentes em meio à crise internacional. Em 2012, fez novo empréstimo no mesmo valor, desta vez para a zona do euro em troca de participação mais efetiva dos países em desenvolvimento nas decisões do Fundo. Era a emancipação de um país do “submundo do globo” que chamava a atenção por não se curvar diante de nações imperialistas ao mesmo tempo em que se mostrava aberta ao diálogo e à cooperação.

Exportações recordes

Para se ter ideia do tamanho do legado econômico deixado pelos governos do PT bastaria avaliar o crescimento recorde nas exportações brasileiras durante o período. Somente na gestão de Lula, a venda do excedente produzido no país subiu de US$ 50 bilhões em 2003 para US$ 250 bilhões no fim do seu mandato, com a abertura de outros mercados além dos EUA, que perderam o posto de maior destino dos produtos brasileiros para a China.

O sucesso se deve sobretudo à resistência que o governo Lula manteve diante da possibilidade de criar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), um acordo que incluiria odos os países das Américas, exceto Cuba. Isso mostra como a subserviência do governo atual ao que manda os EUA vai totalmente na contramão do que pretendia a bem sucedida política externa brasileira durante os governos do PT.

Sexta maior economia do mundo

A manchete do jornal britânico “Daily Mail” em dezembro de 2011 resume o momento de ouro vivido pelo Brasil durante os governos do PT.  Segundo o tabloide britânico, o “país, cuja imagem está mais frequentemente associada ao futebol e às favelas sujas e pobres, está se tornando rapidamente uma das locomotivas da economia global” com seus vastos estoques de recursos naturais e classe média em ascensão”.

O texto havia sido motivado por outro marco econômico das gestões petistas: naquele ano o Brasil desbancava o Reino Unido e assumia o posto de sexta maior economia do mundo, atrás dos Estados Unidos, da China, do Japão, da Alemanha e da França.

Na mesma publicação do jornal inglês, um artigo intitulado “Esqueça a União Europeia… aqui é onde o futuro realmente está” ressalta o poderio brasileiro de ser uma das lideranças da economia global por sua alta capacidade de diálogo e abertura política: “O Brasil não deve ser considerado um competidor por hegemonia global, mas um vasto mercado para ser explorado”.

Diminuição da desigualdade

Como é sabido no mundo todo, as políticas econômicas durante os governos do PT sempre estiveram alinhadas com as políticas sociais iniciadas em 2003. Em suma, fazer o país crescer era também uma maneira de diminuir a desigualdade entre os brasileiros. A confirmação do sucesso veio com a divulgação do coeficiente Gini do Brasil,  indicador que mede a desigualdade de renda e vai de 0 a 100 (0 representa total igualdade). De acordo com os cálculos de desigualdade no Brasil passaram de 58,6, em 2002, para 52,9, em 2013.

Em 2014, um relatório da ONU sobre o tema também registrou uma queda significativa da desigualdade no Brasil na última década, com o Gini passando, nos cálculos das Nações Unidas, de 54,2 para 45,9.  Isso tinha relação direta com a distribuição de renda gerada pelo PT a partir de 2003. Para o IBGE, a queda da renda dos 10% mais ricos e crescimento do rendimento dos 10% mais pobres do país tinha “relação direta com a queda da desigualdade social” do país naquele ano.

Produto Interno Bruto

O crescimento do país a partir de um governo que valorizava a distribuição de renda e as políticas sociais em benefício dos mais pobres nunca foi aceito pelos adversários do PT. FHC, por exemplo, tentava  emplacar a ideia de que o Brasil cresceu mais nos governos Lula e Dilma como mero reflexo de uma melhor situação da economia mundial. Isso porque durante os mandatos do tucano o Brasil cresceu, em média, 2,32% ao ano, contra um crescimento da economia mundial de 3,43%.

Mas de 2003 a 2013, com Lula e Dilma, o crescimento médio por ano acelerou para 3,52% ao ano contra um crescimento da economia mundial de 3,78%. Ou seja, o Brasil cresceu com o PT  93,10% da média mundial.

Em números absolutos, Lula recebeu um país com um PIB de R$ 1,491 trilhão ao ano, com crescimento médio de 1995 a 2002 de 2,30% e entregou à sua sucessora um PIB de R$ 3,887 trilhões, com crescimento médio de 2003 a 2010 de 4,25%. Como se vê, os governos do PT estiveram muito longe de quebrar o Brasil.

Fundo Soberano

Criado em 2008 pelo governo Lula para servir como espécie de poupança para o país em momentos de crises externas e ajudar a regular o valor do Real, o Fundo Soberano do Brasil (FSB). A iniciativa quase foi extinta pelo governo golpistade Michel Temer. O ex ilegítimo pretendia utilizar os recursos do fundo para o pagamento da dívida pública.

O FSB chegou a ter mais de R$ 26 bilhões de reais em ativos, mas passou a ser rapidamente dilapidado pelos usurpadores da nação a partir de 2017 e chegou a ter apenas R$ 500 milhões.  A tentativa de acabar com o fundo seria mais uma investida no sentido de “raspar o tacho” das reservas nacionais, outro legado sem precedentes deixado pelos dois presidentes petistas.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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