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Certa elite reforça perda de influência internacional

A decisão do juiz federal Ricardo Leite, do Distrito Federal, que proibiu Lula de viajar à Etiópia, reforça a perda de influência do Brasil no cenário internacional. Essa queda de prestígio teve início no governo Dilma, que não dava bola para a área externa, e continuou na administração Temer, que adotou uma política pouco reconhecida internacionalmente.

Na cena mundial, Lula tem muito prestígio. Independentemente de gostar ou não do petista, de apoiar ou criticar a sua condenação pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o ex-presidente da República é um ativo internacional do país _sobretudo na questão do combate à fome.

O diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), José Graziano, disse que Lula participaria no fim de semana na Etiópia de uma mesa para debater programas africanos de compras locais de agricultores que foram inspirados numa iniciativa brasileira.

No governo Lula, um programa importante e inovador foi comprar da agricultura familiar alimentos para a merenda escolar. Graziano disse que os participantes do debate que discutiria projetos de sucesso no combate à fome sentiram a falta de Lula. A ausência do petista foi criticada por líderes internacionais da União Africana.

A proibição da viagem, abusiva e equivocada, porque o TRF-4 não viu nenhum problema e foi até avisado pela defesa do petista desse compromisso, contribui para a perda de influência do Brasil no mundo, especialmente onde o país tem forte projeção geopolítica, como no continente africano.

Além de a decisão judicial ter sido um erro doméstico, ela tem reflexo internacional negativo. É um retrato da incompreensão de certa elite sobre o papel que o Brasil poderia e deveria ocupar no mundo _certa elite que parece escravizada pelo auxílio-moradia e por uma política econômica que joga a conta do ajuste no colo dos mais pobres.

KENNEDY ALENCAR
BRASÍLIA