Presidente discursou nesta sexta-feira (1) durante a abertura da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28), em Dubai
O presidente Lula discursou nesta sexta-feira (1) durante a abertura da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28), em Dubai, e cobrou a responsabilidade real das lideranças na preservação do meio ambiente. Além disso, o presidente ressaltou que “o Brasil está disposto a liderar pelo exemplo”.
Confira os principais trechos de seu discurso:
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas alertou que temos somente até o final desta década para evitar que a temperatura global ultrapasse um grau e meio acima dos níveis pré-industriais. 2023 já é o ano mais quente dos últimos 125 mil anos. A humanidade sofre com secas, enchentes e ondas de calor cada vez mais extremas e frequentes.
No Norte do Brasil, a Amazônia amarga uma das mais trágicas secas de sua história. No Sul, tempestades e ciclones deixam um rastro inédito de destruição e morte. A ciência e a realidade nos mostram que desta vez a conta chegou antes. O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos, de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas. Do auxílio financeiro aos países pobres que não chega. De discursos eloquentes e vazios. Precisamos de atitudes concretas.
Quantos líderes mundiais estão de fato comprometidos em salvar o planeta?Somente no ano passado, o mundo gastou mais de US$ 2 trilhões de dólares em armas. Quantia que poderia ser investida no combate à fome e no enfrentamento da mudança climática. Quantas toneladas de carbono são emitidas pelos mísseis que cruzam o céu e desabam sobre civis inocentes, sobretudo crianças famintas?
A conta da mudança climática não é a mesma para todos. E chegou primeiro para as populações mais pobres. O 1% mais rico do planeta emite o mesmo volume de carbono que 66% da população mundial. Trabalhadores do campo, que têm suas lavouras de subsistência devastadas pela seca, e já não podem alimentar suas famílias. Moradores das periferias das grandes cidades, que perdem o pouco que têm quando a enchente arrasta tudo: casas, móveis, animais de estimação e filhos. A injustiça que penaliza as gerações mais jovens é apenas uma das faces das desigualdades que nos afligem. Não é possível enfrentar a mudança do clima sem combater as desigualdades.
Em 2009, quando participei da COP15, em Copenhague, as negociações fracassaram e foi preciso um grande esforço para recuperar a confiança e chegar ao Acordo de Paris, em 2015. O não cumprimento dos compromissos assumidos corroeu a credibilidade do regime. É preciso resgatar a crença no multilateralismo. É lamentável que acordos como o Protocolo de Kyoto, em 199, ou os Acordos de Paris, 2015, não sejam implementados. Os governantes não podem se eximir de suas responsabilidades.
O Brasil está disposto a liderar pelo exemplo. Ajustamos nossas metas climáticas, que são hoje mais ambiciosas do que as de muitos países desenvolvidos. Reduzimos drasticamente o desmatamento na Amazônia e vamos zerá-lo até 2030. Formulamos um plano de transformação ecológica, para promover a industrialização verde, a agricultura de baixo carbono e a bioeconomia. Forjamos uma visão comum com os países amazônicos e criamos pontes com outros países detentores de florestas tropicais. O mundo já está convencido do potencial das energias renováveis. É hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis. Temos de fazê-lo de forma urgente e justa
Com informações do Brasil 247
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