Retratos de Goiás: Gabriel Eduardo
Voltando ao Brasil depois de passar cerca de uma semana na Suiça, onde participou da oitava edição do UN Forum On Business And Human Rights, o maior e mais importante Fórum da ONU para os Direitos Humanos, Gabriel é um destes jovens que é exemplo de superação das desigualdades sociais e econômicas do país. Com 25 anos, o jovem é pai, estudante de direito, ativista social e um sobrevivente, que tem como território de fala e morada a periferia de Luziânia-GO, a 14ª cidade mais violenta do país e a 5ª pior para um jovem viver, segundo o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência de 2017.
Até o início deste ano, Gabriel pensava ter alcançado seu máximo. Estava estudando, trabalhando, cuidando do futuro de seu filho e pensando formas de reconstruir seu município depois de ter sido marcado pela crescente violência de Luziânia, acentuada em 2013. Já havia denunciado na tribuna da Câmara dos Deputados e do Senado Federal a violência presente em sua cidade e assim combatia a naturalidade com que muitos passaram a enfrentar as notícias alarmantes sobre o município.
Perdeu amigos próximos em um curto período de tempo e em algum momento notou que havia algo de errado nisso. Principalmente porque os amigos que partiam, costumavam revisitá-lo quando sua face era refletida no espelho.
Em 2018, seu lugar de fala se expandiu quando foi convidado para o maior fórum de jovens líderes do mundo, a “Youth Assembly” (Assembleia de Juventude), promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
O segundo convite veio do Alto Comissariado da ONU para que o ativista participasse da oitava edição do UN Forum On Business And Human Rights, que aconteceu entre os dias 26 e 29 de novembro. Este evento se destaca por reunir algumas das empresas mais importantes do mundo -como Google, Apple, Uber, etc- e jovens ativistas dos mais diversos segmentos para criar pontes entre projetos de enfrentamento às desigualdades e construção dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Gabriel desembarca no Brasil ainda nesta sexta-feira e Goiás espera embebedar-se de suas experiências, construções e projetos. O jovem é um dos poucos brasileiros a ter tido tamanha honra e já não tem certeza sobre o alcance de seu local de fala e sua atuação como agente político, mas uma coisa é certa: entre o caminho do chão, que sepultou muito dos seus, e o caminho do céu, que prometeram a ele se obedecesse e fosse grato ao pouco que tem, nenhum dos dois caminhos é o limite.
Por Narelly Batista, AN1