Moro foi nomeado hoje o futuro ministro da Justiça do governo Bolsonaro. Agora, por dentro do governo de Jair Bolsonaro, o juiz que encabeçou a Lava-Jato poderá ampliar ainda mais o autoritarismo do judiciário, para atacar os trabalhadores.
O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) disse nesta quinta-feira, 1º, que o juiz federal Sérgio Moro aceitou o cargo de ministro da Justiça “como se fosse um jovem universitário recebendo seu diploma”. Moro foi um dos cabeças da operação Lava-Jato, que foi amplamente divulgada pela mídia e pelo judiciário como uma ferramenta de combate à corrupção, mas que dia após dia fica mais claro que nunca atuou nesse sentido.
A Lava-Jato foi um dos mais importantes mecanismo judiciais de intervenção no curso da política e, principalmente nas eleições, e Moro se sentindo “um menino recebendo diploma”, deixa evidente o caráter político desta operação. Desde 2013 a Lava-Jato se conduziu em um sentido: manter o mais alto possível as chances de que o candidato de preferência da burguesia vencesse as eleições. Nesse sentido, Bolsonaro nunca foi o “filho prodígio” da Lava-Jato, mas através de dezenas de manobras que o fortaleceram chegou à presidência e em poucos dias já se mostrando disposto à atacar os trabalhadores rapidamente de acordo com as necessidades dos capitalistas.
Moro, peça chave de todo o processo, se lançou na mídia como um “justiceiro”, protagonizando o processo que culminou na prisão arbitrária de Lula e o sequestro de milhares de votos. Líder invicto nas pesquisas de intenções de voto, o processo de prisão de Lula, além de negar leis básicas do direito e ser construído a partir de delações premiadas e vazamento de áudios, recebeu das mãos do judiciário um tratamento que nem traficantes e sujeitos que cometem crime de lesa humanidade receberam: foi impedido de aparecer na televisão, nas campanhas do PT, de receber visitas e até mesmo de dar entrevistas para grandes jornais.
Agora, como parte integrante do governo de Bolsonaro, será capaz de aprofundar ainda mais o nível de intervenção na política nacional, utilizando-se de todos os mecanismos junto ao judiciário autoritário garantindo que todos os ataques sejam implementados. Em poucos dias e antes mesmo de assumir oficialmente o poder, golpistas de marca maior dos mais diversos partidos da direita tradicional já se aliaram à Bolsonaro, como Temer, que no mesmo dia das eleições comunicou o presidente eleito que estaria disposto a aprovar a reforma ainda este ano.
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Este judiciário nada imparcial, tem um profundo caráter racista e machista, nada fez para combater a corrupção, como prova disso, Bolsonaro fez uma campanha que recebeu por vias ilegais cerca de R$12 milhões de um grupo de empresários, que compraram pacotes de disparo de mensagens via WhatsApp para espalhar milhares de fake news contra o candidato petista Fernando Haddad. Além disso, foi esse mesmo judiciário que por via da biometria roubou mais de 3 milhões de votos, principalmente no nordeste, região de destaque do PT, favorecendo ainda mais que Bolsonaro ganhasse as eleições.
Nas palavras de Bolsonaro, Moro ganha neste cargo uma “recompensa” sobre um importante trabalho feito nessas eleições, prendendo Lula e participando das mais diversas manobras judiciais, garantindo a vitória do filho indesejado da Lava-Jato e seu programa ultra-neoliberal, baseado em reformas e ajustes para fazer com que os trabalhadores continuem pagando pela crise dos capitalistas.
Nós, do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) e do Esquerda Diário, lutamos contra o golpe institucional em 2016 e viemos, desde então, combatendo cada avanço do judiciário e do governo golpista sobre os trabalhadores, inclusive defendendo o direto do povo decidir em quem votar, ainda que nós não apoiemos o projeto de governo conciliador do PT, que abriu espaço para que o fortalecimento da direita ao não combater os avanços do golpismo. Por isso, nos colocamos à serviço da construção de uma verdadeira alternativa à esquerda do PT capaz de lutar contra Bolsonaro, o judiciário golpista, as reformas e ajustes e para isso chamamos todos à construir milhares de comitês de base por todo o Brasil, em cada local de trabalho e estudo. Exigimos que as centrais sindicais e entidades estudantis rompam definitivamente com seu imobilismo, e construam comitês organizando trabalhadores e jovens para colocar a força de sua luta nas ruas.
Amanda Navarro
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