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Documento que servirá como base para as discussões do Sínodo da Amazônia, evento da Igreja Católia que acontece em outubro, em Roma, coloca maior entidade religiosa do ocidente e seu principal líder, o papa Francisco, em rota de colisão com o governo de Jair Bolsonaro em relação a Amazônia

O governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) deve se preparar para mais uma crise diplomática nos próximos meses. Depois das rusgas com o presidente da França, Emmanuel Macron, a destruição da Amazônia entrará na pauta de uma reunião da Igreja Católia, colocando a instituição em rota de colisão com o projeto Bolsonaro.

Segundo reportagem do UOL baseada em documentos conseguidos com exclusividade pelo site, o relatório preparado por bispos e dioceses como base para as discussões do Sínodo da Amazônia, marcado para outubro em Roma traz propostas que representarão maior pressão ao governo, que tem criticado a realização do evento.

“Nos documentos oficiais que circulam entre os religiosos para alimentar o debate, fica claro que a Santa Sé coloca em xeque a atual realidade da exploração econômica da floresta, apresentando-a como uma ameaça para o planeta. Mas é, acima de tudo, o novo papel que a Igreja quer ter na região que causa apreensão nos círculos do poder”, escreve a reportagem do UOL.

O texto foi formulado com base em dioceses epalhadas pela Amazônia e darão subsídios para que a Igreja e seu líder, o papa Francisco, tracem a linha de atuação da entidade. Entre as propostas está a de que padres e bispos espalhados pela região abracem as causas sociais, de reforma agrária e ambientais, se distanciando do poder político.

A realização da consulta tem causado preoupação entre os membros do governo. A chancelaria chegou a deixar claro que via com desconforto alguns dos temas da agenda, assim como a forma pela qual foram apresentados.

“Durante os meses de consultas por toda a Amazônia para preparar os documentos de trabalho e a agenda do sínodo, a Santa Sé concluiu que “as comunidades consultadas esperam que a Igreja se comprometa no cuidado da Casa Comum e de seus habitantes, que defenda os territórios e que ajude os povos indígenas a denunciar o que provoca morte e ameaça os territórios”, escreve a reportagem.

Ainda espera-se que a Igreja “assuma sem medo a aplicação da opção preferencial pelos pobres na luta dos povos indígenas, das comunidades tradicionais, dos migrantes e dos jovens, para configurar a fisionomia da Igreja amazônica” e ainda “rejeitar a aliança com a cultura dominante e o poder político e econômico, para promover as culturas e os direitos dos indígenas, dos pobres e do território”.

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