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Cerca de 10 mil pessoas voltaram à Esplanada dos Ministérios nesta quinta-feira (30) para protestar contra o processo de liquidação da Educação e contra a reforma da Previdência de Bolsonaro. Na manifestação, a convocação para a Greve Geral de 14 de junho, chamada pela CUT e demais centrais sindicais, fez parte da fala de vários representantes dos movimentos estudantil, social e sindical, além de ser repercutido também por parlamentares e cartazes de manifestantes.

“Estamos aqui contra a destruição da Educação, contra a reforma da Previdência e contra todo processo de destruição do Brasil, encabeçado por Bolsonaro. Por isso, temos que nos manter firmes e mobilizar cada vez mais para a Greve Geral do dia 14 de junho”, disse a dirigente da CUT Brasília, Selene Silva, que também dirige o Sindiserviços.

No DF, a concentração para o ato começou por volta das 10h, próximo ao Museu da República e, em pouco tempo, o espaço foi tomado pelos manifestantes. A expectativa inicial era de que, assim como ocorreu no ato anterior, do dia 15 de maio, o grupo marchasse rumo ao Congresso Nacional amparado pelo carro de som. Entretanto, não houve acordo com a Secretaria de Segurança local. A imposição, entretanto, não prejudicou a manifestação, que foi preenchida por grupos de percussão e gritos de protesto que seguiram firmes até a Alameda das Bandeiras.

“Esse ato mostra que nós, estudantes, vamos continuar com as aulas nas ruas. Vamos continuar defendendo a Educação e não vamos recuar. Vamos permanecer lutando até esse governo cair”, disse a diretora de Mulheres da UNE, Denise Soares.

“Não podemos aceitar o desmonte da Educação no país, como também não podemos aceitar que o nosso direito à aposentadoria seja roubado. Juntos, trabalhadores e estudantes, podemos derrotar esse governo e suas medidas nefastas. Por isso, iremos juntos rumo à Greve Geral do dia 14 de junho. O país inteiro irá parar”, afirmou o dirigente da Contracs e do Sindicato dos Comerciários Luizinho Saraiva.

Embora a pauta principal das manifestações deste 30 de maio sejam o repúdio ao corte orçamentário da Educação e a luta contra a reforma da Previdência, os atos acabam aglutinando a indignação da população diante de todos os desmandos do presidente Jair Bolsonaro, conhecido mundialmente por promover políticas anti-povo. De cima do carro de som, ainda na concentração do ato no DF, a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) deu o recado: “não se enganem, nós vamos retirar a faixa presidencial do peito do fascismo!”.

“Esse ato é para que nós possamos entoar o grito da liberdade diante de um governo que nega os dados da Fiocruz, que nega os dados do Ipea, que baixa a cabeça e repete Olavo de Carvalho. Esse ato é contra a lógica obscurantista que quer nos tirar a nossa própria história e que quer naturalizar os holocaustos brasileiros, os manicômios, os navios negreiros, as senzalas e os armários; naturalizar as salas escuras de tortura, para que eles continuem existindo na nossa contemporaneidade. Mas eles têm que saber que estamos aqui porque não queremos nossos corpos feridos e dominados. Estamos aqui porque não aceitamos nossas vozes silenciadas. A gente está aqui com Chico Mendes, com Marielle Franco, com Zumbi dos Palmares, com Dandara, com Margarida Alves, com Paulo Freire. Não queremos um país armado contra o povo negro e pobre, contra as mulheres, contra os indígenas, contra a população LGBT. Pois as armas elas têm alvo”, discursou a parlamentar que foi ovacionada.

Diversidade

Um ponto importante a ser destacado do ato é quanto à diversidade e pluralidade dos manifestantes. O ato conseguiu agregar pessoas de diversas raças, cores, classes sociais e orientação sexual. O estudante de Geografia, integrante da Associação dos Acadêmicos Indígenas da Universidade de Brasília e Coordenador do Conselho Indígena do DF, Mirim Ju Yan Guarani, participou da mobilização e ressaltou que a Educação é uma pauta que consegue envolver toda a sociedade.

“Os indígenas o DF estão reunidos aqui por uma Educação de qualidade e pelo investimento necessário. Para nós, essas medidas impactam no acesso e na permanência nas universidades, como também na educação dentro das nossas aldeias, onde prezamos pelo respeito à nossa cultura. E a pauta da Educação não pode ser separada de outras pautas como Saúde e a demarcação do nosso território. Tudo isso está junto e, por isso, lutamos juntos”, disse.

Para a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), é justamente essa diversidade que tem incomodado o governo e impulsionado os ataques às universidades e aos institutos federais. Em sua avaliação, a intensificação dos retrocessos na pasta é resultado da insatisfação da classe anti-povo com a emancipação promovida pela Educação.

Gleisi destacou que, há tempos, o perfil dos estudantes que frequentam esses espaços têm mudado e, hoje, mais de 70% do corpo discente é integrante da população de baixa renda. “Não é uma luta só dos professores. É uma luta que nós temos que fazer e que é do povo brasileiro, pela soberania do Brasil. Nós temos que dizer bem alto para Bolsonaro: não temos medo de você e vamos continuar sempre nas ruas com grandes, médios, pequenos, mas com muitos atos”, finalizou.

Aproximadamente 60 cidades de 19 estados, mais o Distrito Federal registraram algum tipo de mobilização em defesa da Educação pública e de qualidade. Em algumas cidades, como Caruaru (PE), São Carlos (SP) e Teresina (PI), os professores das instituições federais paralisaram as atividades e aderiram ao movimento.

Fonte: CUT Brasília | Fotos: Heitor Lopes

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