Com o Brasil mergulhado numa das maiores crises de sua história, o presidente Jair Bolsonaro falou à revista Veja, na edição que circula neste fim de semana. Entre os destaques da entrevista, novos ataques ao ex-presidente Lula, que teria vencido a disputa presidencial em primeiro turno não fosse a sua condição de preso político, o anúncio da venda dos Correios, a defesa de Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz e a omissão da palavra emprego.
“A pressão aqui é muito grande, tem interesses dos mais variados possíveis, tem aquela palavra mágica que a imprensa fala muito, governabilidade. Me acusam muitas vezes de não ter governabilidade. Eu pergunto: o que é governabilidade? Nós mudamos o jeito de conduzir os destinos do Brasil. Hoje, cinco meses depois, eu sinto que a maioria dos parlamentares entendeu o que está acontecendo. Muitos apoiam a pauta do governo. E esse apoio está vindo por amor à pátria, por assim dizer. A gente não pode continuar fazendo a política como era até pouco tempo atrás. Estávamos no caminho da Venezuela. Respondendo a sua pergunta, já passei noites sem dormir, já chorei pra caramba também”, diz ele, sobre a sua falta de articulação política.
Bolsonaro também fez terrorismo em relação à reforma da Previdência. “Na Câmara, muitas vezes você tem uma informação de orelhada. Por isso, eu sempre fui contra a reforma da Previdência. O que faz a gente mudar? A realidade. O Brasil será ingovernável daqui a um, dois, três anos. Se a reforma da Previdência não passar, o dólar pode disparar, a inflação vai bater à nossa porta novamente e, do caos, vão florescer a demagogia, o populismo, quem sabe o PT, como está acontecendo na Argentina, com a volta de Cristina Kirchner. O Brasil não aguentaria outro ciclo assim”, diz ele.
Sobre privatizações, ele anunciou a venda dos Correios. “Já dei sinal verde para privatizar os Correios. A orientação é que a gente explique por que é necessário privatizar. No caso dos Correios, o PT destruiu a empresa. A bandalheira era tão grande que o fundo de pensão dos funcionários, que hoje está quebrado, fez investimentos em papéis da Venezuela. Com que interesse? Pelo amor de Deus! Então, temos de mostrar à opinião pública que não tem outro caminho a não ser privatizar os Correios”, afirma.
Bolsonaro também deixou claro não ter propostas contra o desemprego. “Existe um outro problema. Uma parte dos nossos milhões de desempregados não se encaixa mais no mercado de trabalho, por falta de qualificação. Há também os universitários que só têm diploma. Alguns acham que gastar mais dinheiro é sinal de que está melhorando a educação. Tem país que gasta per capita menos que nós e tem uma educação muito melhor. A situação não está nada bacana. Essa é a realidade”, afirma.
OPINIÃO THIAGO DOS REIS: Bolsonaro não citou UM país sequer que gasta menos que nós em educação e tem uma educação muito melhor. Ele continua se escorando em mentiras para fazer seu discurso, e sempre passa sem que seja desmentido ao vivo. Mostrou que suas prioridades são abafar investigações do Queiroz e continuar perseguindo Lula.
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