A demissão de Pedro Parente é uma boa notícia em si. Representa a derrota de um executivo que havia se tornado um dos pilares da política econômica desastrosa instaurada no país após o golpe contra Dilma Rousseff.
Outro pilar, Henrique Meirelles, já caiu fora, com a desculpa de que pretende candidatar-se (sic) a presidente da Republica.
Parente saiu para preservar uma carreira como executivo de confiança do mercado financeiro. Essa foi sua opção.
Salvou o prestígio como executivo de um discurso só — corajoso do ponto de vista de seus padrinhos, ruinoso para a maioria população — que nunca demonstrou receio de sacrificar o bem-estar de brasileiros e brasileiras para defender os interesses que representava.
Foi assim em todas as medidas que tomou a frente da Petrobras, desde os leilões a preço de banana do pre-sal ao esvaziamento de investimentos que colocariam a empresa como uma das grandes petroleiras do planeta, comprometida com o desenvolvimento do pais. Sua insistência na defesa da política de preços era parte do mesmo projeto. Foi interrompida por uma greve de caminhoneiros que, mesmo causando transtornos nas grandes cidades brasileiras, recebeu apoio de 87% da população — o que dá uma ideia do mal-estar que produzia e do risco que representava para Temer.
A saída de Parente sinaliza que pode haver alguma mudança a caminho — o que pode ser um bom sinal.
Principal acionista da empresa, o governo tem força imensa nas decisões do Conselho da Petrobras, que tem a palavra final sobre qualquer mudança de vulto na empresa. A questão é saber quem será seu substituto e quais mudanças podem ocorrer a partir daí. Também será preciso conhecer quais os planos do Planalto para enfrentar novas ondas de descontentamento — ou possível calmaria — nos meses que antecedem eleições para presidente, governador de Estado, senadores e deputados.
Entre especialistas e executivos familiarizados com a empresa, críticos duros da gestão de Parente, a demissão do presidente da empresa fez nascer a possibilidade de alguma mudança para menos prejudicial para a população.
Mas, em se tratando do governo Temer, é necessário aguardar. Nunca é demais apostar em novidades ainda piores — como se viu na proposta de cortar recursos da saúde, da educação e de programas sociais para cumprir um modestíssimo acordo de controle do preço do diesel por um mês.
Não custa lembrar que os patrões do atual governo passaram os dois últimos anos sob um regime de pão de ló. Em caso de mudança na política de preços, também serão chamados a abrir mão de uma parcela — mesmo que minúscula — de seus ganhos espetaculares.
Outro fator é o momento de alta do barril de petróleo, que pode chegar a 90 dólares no fim do ano, dificultando uma política de redução de preços numa empresa só tem olhos para os ganhos de mercado.