Escrevo bolsonaros no plural porque somos governados pelos quatro – o pai e os três filhos aloprados que são chamados por números.
O fato de pertencerem à extrema-direita mais boçal do planeta é o de menos.
O grande problema é que os quatro juntos não conhecem o Brasil e não têm a menor ideia do que acontece no mundo de hoje.
Presos à Segunda Guerra Mundial e à Guerra Fria, seguem a cartilha de outro cretino, o guru Olavo de Carvalho, um pateta que faz horóscopos e caça ursos na Virgínia.
Em suas andanças pelo mundo, eles nos fazem passar uma vergonha atrás da outra e causam prejuízos incalculáveis ao Brasil.
Bolsonaro já homenageou ditadores sanguinários e corruptos como Pinochet, no Chile, e Stroessner, no Paraguai, prestou nojenta vassalagem a Donald Trump, na matriz, e se superou agora, na viagem ao Oriente Médio, onde conseguiu fazer strike.
Ao desistir de mudar nossa embaixada para Jerusalém, como havia prometido, em troca de um escritório comercial, desagradou ao mesmo tempo Israel e os fanáticos religiosos que o apoiaram na campanha eleitoral.
De quebra, arrumou uma confusão dos diabos com os palestinos e os países árabes, grandes importadores dos nossos produtos agropastoris.
Nomearam um monte de generais para tomar conta do presidente, mas ele já se mostrou incontrolável.
Aqui e lá fora governa pelo Twitter porque seu vocabulário se limita a 140 caracteres e até agora não descobriu o que está fazendo na Presidência da República.
Bolsonaro entregou pessoalmente a PEC da reforma da Previdência no dia 20 de janeiro, mas só agora, depois de três meses de governo, na volta de Israel, ele vai se reunir com os presidentes dos partidos que o apoiam.
Não deveria ter feito isso antes de enviar o projeto, para garantir os 308 votos de que precisa na Câmara?
Disposto a acabar com a “velha política”, só agora descobriu que não tem outra e vai abrir o balcão de negócios chamado de “articulação política”.
Apesar de seus quase 30 anos de deputado do baixo clero, parece que o capitão ainda não sabe como a coisa funciona, ou se finge de desentendido, para agradar aos seus fanáticos seguidores, que estão sumindo até das redes sociais.
Seus dois superministros, Moro e Guedes, já correm o risco de virar nanicos.
Assim como seu chefe, o ex-juiz Sergio Moro não conhece o Brasil, muito menos Brasília, que não é capital da República de Curitiba, onde ele mandava prender e soltar.
Por falta de opção, pela indigência do articulador Onyx Lorenzoni, o especulador Paulo Guedes agora negociará diretamente com os deputados, o que vai ser engraçado.
É o dono do cofre, que quer economizar 1 trilhão com a reforma da Previdência, tentando convencer os parlamentares do baixo clero a votar no seu projeto só por amor à pátria.
Moro arrumou uma gambiarra para votar seu projeto anticrime no Senado antes da Câmara, onde foi congelado por Rodrigo Maia.
São dois amadores negociando com profissionais e não é muito difícil prever quem vai ganhar esta peleja.
Convencido de que é um grande estrategista, Bolsonaro quer se impor dando trombadas nos aliados e guerreando com seus inimigos imaginários.
Seria tudo apenas uma grande patuscada, não estivessem em jogo o futuro do país e da nossa democracia.
Depois de salvar a Venezuela do “comunismo”, talvez o capitão descubra que aqui temos mais de 13 milhões de desempregados, sem nenhuma perspectiva, porque a economia parou de girar outra vez.
Pela cara dele em Israel e a forma como trata os jornalistas que lhe fazem perguntas, não boto muita fé.
Não há general de pijama que dê jeito neste capitão reformado.
Vida que segue.
Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho e para o Jornalistas pela Democracia –