Em agosto, piloto apontou deterioração na estrutura de deslocamento dos vagões. Manutenção poderia evitar problemas, diz ele
De acordo com ele, os problemas na via permanente – base da armação na qual passam os trens – podem causar “perda de segurança, redução da disponibilidade, restrições de uso, fadiga do material rodante e desgaste nos trilhos”. Além de atribuir as danificações à falta de manutenção.
Embora a ocorrência registrada em 31 de agosto de 2017 tenha sido emitida em Águas Claras, não está claro se o documento refere-se a um trecho específico.
O piloto alerta que os estragos são evitados “quando se tem a manutenção preventiva e preditiva feitas de forma constante”, como inspeção visual, verificação de trincas, substituição de trilhos, troca de dormente, socaria de brita, entre outros.“Segundo levantamento de dados”, cita ainda, ocorreu em 2011 a última manutenção corretiva feita com esmerilhadeira e socadeira de britas – equipamentos específicos para o meio de transporte sobre trilhos.
Por fim, ele frisa: “Com tal situação, nos vemos à beira de um verdadeiro colapso da via permanente do Metrô-DF”.
Em relatório, piloto descreve problemas e consequências de desgaste dos trilhos by Metropoleson Scribd
Perigo
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários do Distrito Federal (SindMetrô-DF), Leandro dos Santos, alerta que os trechos mais críticos são as curvas entre as estações Shopping e Asa Sul; Estação Feira e Shopping; e de Ceilândia Sul.
Ele revela que problemas relacionados à manutenção insuficiente ocorrem pela precariedade do sistema, falta de planejamento e de investimento. “Existem equipamentos que outros metrôs do mundo, inclusive o de São Paulo, referência na área, têm, e o DF, não. Sem a socadeira, responsável por nivelar o cascalho e os trilhos, e a esmerilhadeira, que retira os relevos do trilho e alinha, esse trabalho, hoje, é feito de forma manual e precária”, destaca.
Os desgastes na estrutura que possibilita o deslocamento dos vagões do metrô podem ocasionar acidentes graves. “Se sair do trilho, como é pesado, descarrilha e pode tombar”, avalia.
O diretor do Departamento de Operações e Manutenção do Metrô-DF, Carlos Alexandre da Cunha, disse que, a partir do conhecimento do relatório, o órgão fez a análise técnica para verificar se a manutenção seria necessária. “Os trechos que apresentaram desgaste foram reparados ainda no ano passado”, assegurou.
Susto em Águas Claras
Na manhã de quarta-feira (28), um trem descarrilhou na chegada à Estação Arniqueiras, sentido Plano Piloto. Não havia passageiros no momento do acidente, que ocorreu na zona de manobras, porque a profissional responsável por guiar a composição percebeu algo errado e pediu a evacuação.
A retirada dos passageiros antes do episódio foi guiada por agentes de segurança do Metrô-DF. Um empregado da categoria disse ao Metrópoles, porém, que somente a contratação de novos profissionais para reforçar o quadro efetivo poderá resguardar a segurança dos usuários caso um grave acidente ocorra.
Com a liberação de crédito de R$ 101,7 milhões, na quarta (28), o GDF agora tem o recurso para fazer as nomeações de aprovados em concursos. No entanto, o governo não informou se os metroviários serão contemplados
Por conta do problema, o metrô funcionou de forma parcial na capital da República. A fim de facilitar a volta à casa, 11 ônibus foram disponibilizados para levar passageiros gratuitamente entre as estações Arniqueiras e Águas Claras. Mas a quantidade não foi suficiente e houve empurra-empurra.
A força-tarefa para içar os vagões descarrilhados e rebocá-los à garagem trabalhou durante a madrugada.
Conforme informou Carlos Alexandre da Cunha, dois trens apresentaram falhas no freio durante o trajeto. “Por isso, a composição teria avançado sobre o para-choque que delimita a área, e os vagões saíram dos trilhos”, esclareceu.
Veja vídeo: